domingo, 6 de novembro de 2011

Linhas Retrô 2

"Chiclete"

Depois de uma noite se revirando na cama por causa dos mosquitos, Matilda desabou no chão e continuou a dormir. Um roxo na coxa e outro no cotovelo foi o que sobrou. 
a mãe com pena preparou-lhe um banho de água de rosas. Na verdade ela fazia uma infusão com petalas de rosas. 
Matilda com rolinhos na cabeça mais parecia uma cena de filme dos anos 70, só com os dedinhos dos pés de fora da água na banheira. Enxugou-se, vestiu o short xadrez, branco e liláz, camiseta verde claro e chinelas rasas. Secou bem os cabelos,  atou-os com fita vermelha de cetim, pegou uma grana da bolsa da mãe e saiu para comprar o café e o frango para o almoço. 
Caminhou duas quadras e quase levou um tombo por causa de uma casca de banana e seguiu. Entrou na padaria do seu Mário e pediu duas empadas, dois mil folhas, quadro pãezinhos franceses, queijo, leite e um frango assado. Afinal hoje era domingo e ela iria ficar com a mãe. Pagou e saiu. 
Virou a esquina de casa e pizou em um chiclete. 
- Mas que merda! Quem foi o infeliz que resolveu curpir a consciência. 
Quando chegou em casa viu Pedrão varrendo o chão na frente da porta do prédio. 
Olá Pedrão!
- Olá belezinha! Como está quente hoje não?
- É mas e você por que está aí a varrer o chão?
- Não quero ver você escorregar com nenhum grão de areia!
- Oh! Obrigada e subiu as escadas com as duas sacolas da padaria.
No que Pedrão olhou as belas pernas com o rabo dos olhos. 
Só depois de deixar as sacolas na cozinha é que pôde limpar as chinelas do chiclete. 
- Que desperdício!
- O que foi filha?
- Pisei em um chiclete na volta. Eu acho um desperdício de tempo, beleza e d'água para tirar essa "caca" do chinelo. 
- Não se preocupe filha, vamos tomar café. 
E levaram uma bandeja cada uma e sentaram na sacada da sala, que dava para a frente do prédio. Ainda conseguia ouvir e ver as ondas do mar que ficava a duas quadras da praia. 
Para ela era um descanso, com os pés para cima. Para a mãe descontração, fazendo palavras cruzadas. E para os passantes delírio, ao verem de relance as belas pernas. 

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